Primeiramente eu não sou contra nenhuma religião (exceto se ela mandar matar pessoas e animais).
Não tenho pretensão nenhuma de mudar seu modo de pensar, tampouco de criticá-lo caso nossas opiniões sejam divergentes, pois apenas estou relatando a minha vida.

Eu era muito feliz quando era católica, mas sentia que estava faltando algo em minha vida e quanto mais eu fui crescendo, mais fiquei cética e incrédula. Entretanto, creio que para maior entendimento, devo contar essa história do princípio.
Nasci em São Paulo e desde muito pequena comecei a ir às missas. Eu ia até lá não por obrigação, mas por real vontade de estar próxima à Deus e, brincadeiras à parte, comer o pão (pelo que me contam, se me deixassem eu ficaria na fila do pão abençoado até que eles acabassem).
Lembro-me que meu maior sonho era ter uma Bíblia, mesmo antes de aprender a ler, e sempre passava na "lojinha" da igreja para observar com entusiasmo as variedades de Bíblias à venda.
Não demorou muito e eu ganhei a minha primeira - e única - Bíblia da minha Madrinha (creio que tinha uns 5 ou 6 anos na época).
Aos cinco anos, mais ou menos, me mudei de cidade e tive uma experiencia muito ruim indo à igreja do bairro onde morava que jamais me esquecerei:
O padre ficou dormindo durante toda a missa!, por isso quem a ministrou foram as freiras. Quando o padre falava ele fungava (como se estivesse limpando o nariz)!Até roncou durante a "missa"!!!!
Achei isso uma falta de respeito sem igual!!!! A minha mãe também pensou o mesmo, então nunca mais assistimos outra missa naquela igreja. Assim, somente íamos à missa da minha antiga cidade, o que foi diminuindo cada vez mais devido a longa distancia que tínhamos que percorrer de ônibus (levava cerca de 1:30h nos 2 ônibus mais o tempo esperando os mesmos que podia chegar à até 1 hora para cada, totalizando cerca de 3 horas de viagem para ir e mais 3 horas para voltar!!!!!).
Meus estudos religiosos aquela altura não haviam cessado, mas sofreram grande diminuição. Tudo o que eu fazia era assistir as missas pela TV e ser ensinada pela minha mãe (que na época passava mais de 12 horas fora de casa trabalhando).
Na segunda série, quando tinha oito anos, eu já não acreditava tanto assim nas coisas que havia aprendido, pois quase não me lembrava mais delas. Tudo o que sabia era que tinha que ser boa senão seria punida ao morrer e que não era permitido usar maquiagem e nem pintar as unhas na quaresma.
Recordo-me de naquele ano ter ouvido de uma amiga que o mundo ia acabar e que o filho do Diabo ia surgir do mar e sabe-se lá mais o que - fiquei com tanto medo que quase não entrei em casa, peguei a minha Bíblia e procurei o que ela havia dito quase tremendo.
Uns anos depois não queria mais ir na igreja por algum motivo qualquer e decidi que naquele ano não ligava mais para nada do que havia aprendido! Até pintei minhas unhas de preto durante a quaresma e passei sombra preta juntamente com um batom vermelho como sinal de rebeldia (só que eu estava sozinha em casa, então era eu me rebelando contra Deus, provavelmente). Só me lembro disso porque vi uma sombra na parede da sacada, me apavorei e tirei tudo....creio que tinha uns 10 anos na época (e a sombra era do meu vizinho, percebi mais tarde).
Com 13 anos, já na sétima série já havia ouvido falar um pouco sobre a Wicca na tv, mas não havia me atentado tanto ao assunto. De qualquer modo, essa foi a época em que eu mais tive dúvidas a respeito do Cristianismo e, por mais que tentassem, ninguém conseguiu explicar as minhas dúvidas, por isso sempre refazia as mesmas perguntas.
Creio que a minha principal indagação era/é "Por que Deus matou os Egípcios???"
Eu sempre amei o Egito, sempre amei os Deuses Gregos (mesmo quando era uma criança católica cujo maior desejo era ter o "Livro Sagrado de Deus"). Sempre fui curiosa sobre outras religiões e culturas (minha mãe é assim também). Então para mim nunca fez sentido Deus, um ser que é feito de AMOR, assassinar seus filhos!Pois se somos ensinados que Deus é o Pai de todos, que nós todos somos seus filhos, porquê ele preferiu os judeus aos egípcios???? Eles não eram igualmente filhos de Deus???
Recebi algumas tentativas de explicações para essas perguntas e vou dar dois exemplos:
1º Deus é Pai apenas daqueles que o aceitam como Pai, assim, se eu não o considerar como meu Pai eu deixo de ser filho dele e ele vira as costas pra mim e me ignora - achei meio absurdo isso...
2º Ele mandou os escravos serem libertados, mas não o obedeceram então ele fez o que fez - essa foi um resumo da história que já conhecia e que não me respondeu nada!
Daí vieram as outras dúvidas (vou apenas listá-las - incluindo a que está acima)
1º Por que Deus matou os Egípcios? Ele não amava os Egípcios? Porque ele preferiu os Judeus aos Egípcios?
2º Por que Deus matou todos durante o dilúvio? Ele não amava seus outros filhos?
3º Se Deus criou Adão e Eva, como as outras pessoas nasceram? Foi incesto - do tipo Adão e Eva -> filhos e filhas -> irmãos e irmãs -> pais e filhos? (Realmente não entendo essa parte)
4º Depois do dilúvio como aconteceu a reprodução da espécie humana??? Incesto novamente??????
5º Se Deus matou os Egípcios, pois eles o desobedeceram, por que não matou o Diabo?
6º O mundo está pior do que na época do dilúvio, então por que ainda estamos vivos?
7º Para onde vão as pessoas que não acreditam em Deus?
No geral, essas foram algumas das dúvidas que, praticamente, sempre tive e que ninguém soube me responder. Se alguém que ler isso souber como me responder - sem ironias, comentários maldosos e/ou preconceito, ficarei muitoooo feliz em ler o comentário, mas tem que ser uma resposta que realmente responda as perguntas acima, mesmo que não responda todas elas e mesmo que tenha trechos da Bíblia, mas não pode ser totalmente retirado da Bíblia do tipo "segundo XXX 00:00", tem que ser explicado, pois eu realmente não entendo!!!!
Voltando ao objetivo desse post:
Então, ninguém nunca soube me responder essas perguntas sem ficar apenas repetindo o que se era contado nas Bíblias. Assim, como todos que procuram por respostas, eu fui pesquisar e nunca achei nada que me respondesse até o dia em que comecei a estudar a Wicca.
Não posso dizer que foi fácil, principalmente quando eu comecei a ler sobre o assunto.Eu ficava pensando o tempo todo "Ai quando eu morrer Deus vai me castigar" ou então "Mas Jesus disse isso ou fez aquilo" ou ainda "O Diabo vai pegar a minha alma", no geral pensava em coisas desse tipo.
Daí comecei a pensar diferente, comecei a pensar do seguinte modo "Deus quer que eu seja feliz, então se minha felicidade está em outra coisa não faz mal".
Eu tenho estudado muito, mesmo que devagarinho (pois cada um tem seu tempo) sobre a Arte da Deusa, mas até há algum tempo eu ainda estava presa ao meu passado cristão, não que ser cristão seja ruim, longe disso, a maior parte da minha família é cristã e eles são felizes e cheios de saúde e amor. Só que essa não é a minha vocação, não é o caminho que me deixa feliz... mas eu ainda não sei nada da vida, tenho apenas 21 anos, 8 meses e 16 dias de idade. Sou apenas uma pequena criança aprendo a caminhar sozinha nesse mundo gigantesco.

De qualquer modo, não faz muito tempo - uns 2 anos apenas - desde que eu consegui mudar a minha visão sobre a religião, aceitar quem eu sou, o que eu acredito, o que eu quero, a não me importar com o que os outros pensam..... e o caminho que eu escolhi e que tem me deixado cheia de alegria foi a Bruxaria.
No geral, como apenas agora me sindo "pura/limpa" espiritualmente e com tempo (acabei de me graduar na Universidade) eu estou "re"começando meus estudos hoje, no sentido de que apenas agora eu estou estudando com o real intuito de me iniciar e seguir fielmente a Arte.
Eu ainda tenho um looongo caminho à percorrer e não sei se daqui há 1 ano e 1 dia estarei pronta para me iniciar na Arte da Grande Mãe, mas eu não tenho pressa nenhuma, pois estou real e verdadeiramente aproveitando a primeira parte da estrada. E eu sei que ainda irei errar, cair, chorar, tropeçar e me esborrachar muito, mas sei também que tudo o que acontece na nossa vida tem um porquê e um lado positivo, que por pior que sejam as situações que eu possa passar, eu não estou sozinha e que se eu listei cinco coisas ruim anteriormente (mesmo existindo milhares de mais infortúnios em meu caminho) exitem zilhões de coisas boas para cada ruim.
Blessed Be